domingo, 30 de janeiro de 2011

Zungueira

Aqui em Luanda, comércio informal é literalmente parte da paisagem. Mas antes de vc pensar no camêlo com a barraquinha cheia de trecos (é 3 por 2 real) do Paraguai (vide China), deixa eu explicar que por aqui quem melhor representa "a crasse", é a zungueira.
Zungueira: Angolana gira (e de postura impecável) que vende seus produtos dentro duma bacia, em cima da cabeça. Na bacia da zungeira encontra-se de um tudo: carregador de celular, marmitex (fresquinhoooo), detergente, livro, tomate, tecido importado (muito compro), etecetera... O ponto de venda é qualquer calçada. Quando elas se juntam pra fofocar numa esquina, está formado um shopping. Seu uniforme típico padrão é o traje africano cheio de amarrações, "ingual" na foto (vibe Milão), e "ingual na foto" faz parte do pacote "bebê amarrado nas costas". Um questão de atitude!

Tenho pra mim que a vida da zungueira é dura, e por isso fiz um versinho em homenagem a essa mulherada que não perde a pose nem com abacaxi na cabeça: "Pra ser zungueira tem que ter disposição. Pra ser zungueira tem que ter habilidade. Eu venho te contar que não é mole não. E agora pra rimar, vou escrever um palavrão". Brincadeirinha, hoje tô o Bozo!

Pra saber mais sobre as zungueiras (porque meu post tá uó) vá para .

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Minhas Férias

Esses dias alguém me parou numa festa e falou: Dóro seu blog de viagens! Elogios a parte, comassim? Meu blog é sobre Angola, gentem, eu juro! Mas já que virou fofoca...

Lá em casa a gente tem sangue cigano (Ó, Dara). Sério mesmo! Conta a lenda que a nona “de nova” morava em tenda rodando o mundo, e lia a mão do povo na perfeição. Conta a lenda também que quando ela “de velha” morreu (e, tipo, já estava morta) saiu visitando a casa da netaiada. Quem achava que ela estava viva, tratava por visita. Quem sabia que ela estava morta, gritava*.
Anyway, por conta dessa árvore ginecológica genealógica, meus pais (que puxaram a mim) não têm residência fixa, e no final do ano passado resolveram ir embora do Brasil. (A Dilma ter ganho as eleições teve nada que ver com isso... pura coincidência.) Portanto...

Destino de férias: Uruguai.
O que eu vi do país me encantou. Cidades pequenininhas, arborizadas, limpinhas... nem parece vizinha do Brasil (desculpa, aê).
Primeira constatação: toda cidade tem coleção de estátuas com praça no meio (ou vice versa). Toda estátua é sempre do mesmo cara: José Artigas. Dono de fábrica de esculturas, produção em série, certo? Não, celebridade histórica, dãm? Bombou horrores na independência (um trocadalho, kkk).
Segunda constatação: toda casa dá com a porta directo na rua. Quintalzinho, varandinha, garagenzinha separando casa de calçada, é out. Privacidade é pros fracos... mara é deixar a porta aberta, que é pra quem estiver passando saber o que tá rolando do lado de dentro.

Terceira constatação: todo cachorro toma calmante. Quando dá 18h, e o proletariado começa a chegar em casa, a cachorrada é liberada pra passear na rua. Pastor Alemão, pit bull, chiuaua, não tem preconceito... Eles vão, sem coleira, sem lenço e sem documento (nada no bolso ou nas patas), não latem, não correm atrás do carteiro, não cheiram os bumbuns uns dos outros. Ficam caminhando, aos montes, em total harmonia, naquele universozinho prozac deles*. Os donos cuidam, sentadinhos na frente de casa, puxando um mate (a-hãm), feito gaúchos (maldade, gente).
Quarta constatação: Adoray o povo (hermana)! Nunca fui tão bem recebida como turista (e nem estava usando muita mini-saia). Os comerciantes fazem questão de falar português, pra comunicação ficar mais fácil! Ficadica, Europa!

Além da cidadezinha onde meus pais montaram o circo, conheci ainda Colonia Del Sacramiento - um vilarejo pequeno e histórico, da época dos portugueses (ora pois), que faz a linha Uruguai/Buenos Aires todos os dias, via balsa. Dá pra ir nadando também, ou não. – e, a capital, Montevidéu. De Montevidéu não vou falar, porque tô com preguiça tem foto pra ver. Bjo, bjo!
Montevidéu vista do céu
* No episódio da nona morta, meus pais viram a fantasma do lado do meu berço, e é por isso que até hoje eu durmo de luz acesa: pra nona não tropeçar.

* Eu, fazendo a cool, sentadinha na Rambla de Montevidéu, quando um pastor alemão qui-ri-dinho sentou do meu lado e encostou a cabeça no meu ombro. Porque devíamos ser amigos de outra vida e eu não lembrei. Ficamos assim por horas, até que ele se cansou, foi embora, e eu voltei a respirar.